Pescarini Advogados

 

A sociedade moderna está em constante evolução, e o conceito de família não é exceção.

Com o avanço das técnicas de reprodução assistida, o aumento dos casos de adoção e a maior aceitação das diversas formas de relacionamento, surgiu a necessidade de repensar o tradicional conceito de parentalidade.

É nesse contexto que a multiparentalidade se apresenta como um tema cada vez mais relevante e desafiador para o Direito de Família.

Mas afinal, como o Direito de Família lida com a possibilidade de uma criança ter mais de dois pais?

 

O Conceito de Multiparentalidade

Multiparentalidade é o termo utilizado para descrever a situação em que uma criança possui mais de dois pais em seu registro civil.

Isso pode ocorrer em casos de famílias formadas por técnicas de reprodução assistida, como a fertilização in vitro, em que a criança pode ter, por exemplo, um pai biológico, uma mãe biológica e um pai ou mãe afetivo(a).

Também é comum em situações onde uma criança é criada por um casal do mesmo sexo junto com um dos pais biológicos, resultando em uma convivência harmoniosa e uma relação de afeto e responsabilidade compartilhada.

 

O Reconhecimento Legal da Multiparentalidade

No Brasil, o reconhecimento legal da multiparentalidade é um fenômeno relativamente recente, mas que já conta com importantes decisões judiciais. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) tem se manifestado favoravelmente ao reconhecimento de múltiplos vínculos parentais, especialmente quando há prova de que tal reconhecimento é o melhor para o desenvolvimento emocional e social da criança.

Esse entendimento se baseia no princípio do melhor interesse da criança, que deve prevalecer em qualquer decisão judicial que envolva menores de idade. Ao reconhecer a multiparentalidade, o Judiciário busca garantir que a criança tenha acesso ao afeto, ao cuidado e aos recursos de todos aqueles que efetivamente desempenham o papel de pai ou mãe em sua vida, independentemente de laços biológicos.

 

Implicações Práticas e Desafios

Embora o reconhecimento da multiparentalidade seja um avanço, ele também traz desafios práticos e jurídicos. Por exemplo, como dividir responsabilidades legais, como a guarda e o sustento financeiro, entre mais de dois pais?

E quanto aos direitos sucessórios?

A legislação brasileira ainda não oferece respostas claras para essas questões, o que exige dos advogados uma abordagem cuidadosa e inovadora.

Outro desafio é a resistência de setores mais tradicionais da sociedade, que ainda veem a família como uma unidade formada exclusivamente por um pai, uma mãe e seus filhos. Apesar disso, a tendência é que o conceito de multiparentalidade se torne cada vez mais aceito e integrado ao ordenamento jurídico brasileiro.

 

O Futuro da Multiparentalidade no Brasil

O futuro da multiparentalidade no Brasil dependerá, em grande parte, da evolução da jurisprudência e da eventual criação de legislações específicas que abordem as particularidades dessas novas configurações familiares.

Enquanto isso, cabe aos profissionais do Direito de Família continuar atuando em defesa do melhor interesse da criança, buscando soluções que respeitem e valorizem as diversas formas de amor e cuidado que existem nas famílias contemporâneas.

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